Baía Noroeste de Vitória

Horror, miséria e violência se tornaram lugar comum. Muitos estão anestesiados... é tudo muito próximo. Um mundo "invisível" e perturbador. Ali, ao lado, basta olhar ...

Noah!

Queria ver logo o mundo. Menino apressado, filho de Camila e Beno, nasceu antes de completar o oitavo mês. Fiquei emocionada quando o vi pela primeira vez na maternidade, recém-nascido, ainda com uma parte do cordão umbilical ... aquele ser, pequenino e frágil, pesando mesno de dois quilos, reagia intensamente ao contato com o novo mundo ... seja bem-vindo, Noah!

breve e surpreendente

Não quis mudar tudo, mas agora, pós-tudo, quase tres anos, paro e penso: viver uma experiência radical, de quase ausência de vida, faz toda a diferença. Mudei, foi doloroso, mas mudei. Preciso deixar isso gravado na minha memória: jamais esquecer que a vida é realmente breve e surpreendente!

Pós-tudo - Augusto de Campos

bananas&palhas

Moreno

imagem: Flávio Martins

domingo ambulante

alice!

Tudo está Dito (1974) Augusto de Campos

Personas

Personas - MIT Lab

Reinvenção

Cecília Meirelles

A vida só é possível
reinventada.

Anda o sol pelas campinas
e passeia a mão dourada
pelas águas, pelas folhas. . .
Ah! tudo bolhas
que vêm de fundas piscinas
de ilusionismo... – mais nada.

Mas a vida, a vida, a vida,
a vida só é possível
reinventada.

Vem a lua, vem, retira
as algemas dos meus braços.
Projeto-me por espaços
cheios da tua Figura.
Tudo mentira! Mentira
da lua, na noite escura.

Não te encontro, não te alcança...
Só - no tempo equilibrada,
desprendo-me do balanço
que além do tempo me leva.
Só - na trevas
fico: recebida e dada.

Porque a vida, a vida, a vida,
a vida só é possível
reinventada.

Hendrix 69

Um blog quase abandonado ...

jeans

Day tripper

Madona

Attilio Colnago não passa despercebido. Suas obras percorrem o território dúbio entre o sacro e o profano, como na imagem da madona que estranhamente possui tres mãos.

The Garden of Earthly Delights

Hieronymus Bosch (1503-1504)
Oil-on-wood triptych ( 220 cm × 389 cm/87 in × 153 in)
Museo del Prado, Madrid

Bienal de Veneza

Topological Garden e Swimming Cities

Embriaguem-se de poesia!

"É preciso estar sempre embriagado. Aí está: eis a única questão. Para não sentirem o fardo horrível do Tempo que verga e inclina para a terra, é preciso que se embriaguem sem descanso. Com quê? Com vinho, poesia ou virtude, a escolher. Mas embriaguem-se. E se, porventura, nos degraus de um palácio, sobre a relva verde de um fosso, na solidão morna do quarto, a embriaguez diminuir ou desaparecer quando você acordar, pergunte ao vento, à vaga, à estrela, ao pássaro, ao relógio, a tudo que flui, a tudo que geme, a tudo que gira, a tudo que canta, a tudo que fala, pergunte que horas são; e o vento, a vaga, a estrela, o pássaro, o relógio responderão: "É hora de embriagar-se! Para não serem os escravos martirizados do Tempo, embriaguem-se; embriaguem-se sem descanso". Com vinho, poesia ou virtude, a escolher." Charles Baudelaire

a porta está logo ali, em frente.

where is the door?

Milano 2009

Burle Marx

"Roberto Burle Marx 100 anos - A permanência do instável"
Foi sensacional ver os croquis e projetos originais do Burle Marx para o calçadão de Copacabana e a planta de implantação do aterro do Flamengo, de 1962, imensa, em papel vegetal com moldura. Além dos trabalhos de paisagismo, a exposição também apresenta estampas em tecido, cerâmicas, jóias e diversos croquis feitos por ele. O vigor e a atualidade da produção são surpreendentes!
imagem: Rio, trecho Hoteis Excelsior/Copacabana Palace

choque de ordem?!

Ontem, no Leblon, vi um policial agredir um fotógrafo que registrava a ação da guarda municipal contra os camelôs na operação choque de ordem. Uma cena ridícula que provocou pavor nas pessoas que trafegavam pela orla. O caminho não é por aí, gente!
imagem: Rio, do taxi

cows

MAES, expo Andy Warhol









imagens: MAES e gado em fanzenda de Baia Nova/ES

costura

Entro no carro e volto para casa. Sinto um alívio enorme ao deixar para trás aquele lugar. Chego em casa, vejo as meninas, devoro um prato de arroz com feijão e durmo tranquilamente.
Ontem acordei cedo. Fiquei em jejum total quase o dia inteiro. Não senti fome e nem sede. Queria acabar logo com aquela situação de espera, que gerava ansiedade. Aguardava o horário de ir para o hospital fazer uma pequena cirurgia.
No caminho até tentei conversar sobre algum assunto, mas a mente estava longe. Sentir medo é inútil. Medo do que? Não era por acaso, já havia passado por algumas cirurgias. Sim, tudo funcionou!
Cheguei a recepção do hospital e encontrei um local lotado, um misto de ambulatório médico com estação rodoviária. É sério! Falei com uma recepcionista mal humorada, que estava em treinamento, sobre o que fazia ali. Vi pessoas de todas as idades e observei que os funcionários eram, em sua maioria, negros. Mero detalhe? Não, era mais um retrato do país. Do outro lado estava a recepção do setor de oncologia com muitas pessoas na fila de espera, algumas com uma expressão de quase ausência de vida.
Fui chamada para o centro cirúrgico. No caminho passei por longos corredores com janelas redondas, rampas, muitas portas, um labirinto. O local tinha uma aparência suja e desorganizada e eu estava lá para ser operada! Uma enfermeira avisou que devia trocar a roupa para entrar na antesala do setor de cirurgia. Enquanto aguardava a minha vez, a ansiedade só aumentava. Na despedida do meu acompanhante ganhei um beijo e não disse nada, sorri. Pensei que meu blog não era um diário, mas poderia ser. Até que a nova sala era limpa, com uma aparência de cenário antigo. Onde havia deixado a minha câmera para registrar a expressão de dor daquela senhora idosa que também aguardava a sua vez ao meu lado? E o que dizer sobre as condições de atendimento de um hospital da rede privada? Agora era tarde. Já estava lá dentro. Imaginei que a BR-101 era mais perigosa do que aquele lugar ...
Chegou a minha vez. Fui apresentada a anestesista, uma jovem médica que me disse o seguinte: fique tranquila, aqui você está segura. Confiei. Afinal as estradas eram mais perigosas ... Falei mais uma vez com o médico e apaguei. Era isso ou nada.
Quando acordei já estava na sala de repouso olhando para o teto, deitada numa maca. Virei o rosto de lado e vi um senhor muito velhinho, magro, dormindo. Olhei novamente para conferir se ele estava vivo. Aliás, se nós estávamos vivos.
Pedi que alguém comunicasse a minha família que eu estava bem. Em seguida, fui levada para o quarto. O tempo passou, recebi a visita de cinco funcionárias do local, todas super simpáticas, perguntando sobre a qualidade dos serviços de atendimento ao cliente. Ah, esses programas de "ISO alguma coisa" existem para isso. Pedi um copo d`água para cada uma delas e, acreditem, estou esperando até hoje ... em casa!
imagem: acrílica sobre tela, gaze e barbante

Lapa, Rio

Faryde

Era um domingo quente. Enquanto saboreávamos um sorvete, fixei meu olhar em suas rugas, em sua pele morena e suas características multiétnicas, fusão de povos sírios e indígenas. Aos poucos, vi a imagem de uma adolescente no colégio interno. Vestida com um longo traje de algodão branco, seu olhar era de espanto diante daquele liquido vermelho que escorria entre suas pernas durante o banho coletivo. Aos prantos, enquanto se enxugava, as amigas mais velhas tentavam acalmá-la. Menina órfã, não percebera que havia se transformado numa mulher.
Antes do almoço, deitada numa rede, entre a paisagem da mata atlântica, o calor intenso e uma pilha de jornais da semana, havia registrado a seguinte manchete: “Dia Internacional da Mulher". Observo novamente aquela senhora de noventa e tres anos e sua tranquilidade. Ela, que durante a juventude fez uma escolha que mudou radicalmente a sua vida, também lia o jornal. Ao fugir da fazenda para viver com o namorado, que não era aceito pela família, perdeu seus laços familiares e também foi deserdada. Não havia retorno. Casou-se, teve duas filhas e trabalhou na capital numa época em que isso não era uma atitude comum. Religiosa, mesmo distante das lutas coletivas das mulheres e do movimento feminista, do seu jeito, ela exerceu um papel de vanguarda. Por isso, hoje, simbolicamente, minha homenagem vai para essa mulher sensível, forte e admirável!

Pró-colabore!
Le Monde Diplomatique Brasil
O artigo sobre sociedade em rede, de Hernani Dimantas, é de fevereiro, mas está valendo.
Aborda a rede como espaço de colaboração, de transformação, de recombinação, de remix e de conhecimento, entre outros aspectos. Vale destacar o seguinte: o conceito de hacker adotado pelo autor não é o de invasor da rede. São todos os que agem "para que informações, cultura e conhecimento circulem livremente."

pilha boa

O calor permanece, interfere um pouco na concentração, mas é tempo de viabilizar novos projetos e executar aquela lista de to do. Afinal, o ano começou!

musas do carnaval

Então, moças, vamos esquecer aqueles coxões, peitões e bumbuns turbinados?
Vale citar uma frase de Clarice Lispector (1920-1977), escritora e poetisa, que também foi colunista de uma seção feminina entre 1952 e 1961. Sim, ela assinava os conselhos com os pseudônimos de Thereza Quadros e Helen Palmer e como "ghost writer" de Ilka Soares.
Sobre imitar mulheres admiradas publicamente, escreveu:
"Os homens não gostam de mulheres em série. Se gostam daquelas estrelas é porque as acham diferentes. Vocês, imitando-as, apenas serão consideradas ridículas."

Linha de passe

Carnaval com praia, cinema, feijoada, vídeo, família, churrasco e amigos, não necessariamente nessa ordem, é muito bom! O fuzuê virou um pano de fundo.
Assistir ao filme Linha de Passe, de Walter Salles e Daniella Thomas, recentemente lançado em dvd, funciona como um antigo refrão de Gilberto Gil :"de um lado esse carnaval/de outro a fome total". O futebol, umas das paixões nacionais, auxilia a narrativa da trajetória de quatro irmãos em busca de mudanças de vida. Quatro visões diferentes de mundo, tendo em comum a total ausência de perspectiva, em meio ao cotidiano árduo de trabalho e de sobrevivência. Existe uma saída? Se for pelo filme, não, mas penso que sim. Aliás, preciso acreditar que podemos sonhar e ir além do samba, suor e cerveja.

Pré-carnaval

Com a proximidade da festa mais esperada do ano, aumenta a ansiedade coletiva. Sim, tal como o natal, a tensão pré-carnaval está no ar por todos os lados! É aquela tensão típica que antecede as datas comemorativas. Assim como o natal, que mobiliza o consumo desenfreado e a falsa solidariedade em busca do prazer, o carnaval tem seu foco: a felicidade instantânea "sem culpa". Duas situações são típicas: alguns querem viver intensamente a data e outros querem fugir da concentração de pessoas, até por experiências anteriores mal sucedidas ou apenas para relaxar, o que também é uma forma de sentir prazer. Com a obrigatoriedade que tudo funcione perfeitamente, afinal "carnaval é alegria", a data tem grande chance de se tornar um fracasso para muita gente, por ser excessivamente idealizada. Admiro muito aqueles que exercitam a criatividade e a sátira política/social nessa época de liberdade total, em blocos populares e improvisados nas ruas, pura diversão com senso crítico. Uma forma de resistência com bom humor, como o refrão do bloco Surpresa: " baseado na liberdade cada um tem o seu papel", mero trocadilho para o legalize já.
imagens: bloco Surpresa, ES

Age of Aquarius

Se a conjunção dos astros influenciasse nossas vidas,
como afirma a astrologia, não seria necessário
discutir o fim do neoliberalismo. Na semana passada
rolou na rede uma papo sobre astrologia e a era de aquário.
Pô, os astrólogos poderiam se contentar com o fato da
astrologia ser um bom motivo para conhecer outras pessoas,
o que já faz toda a diferença! 

surto?!

Em tempos de globalização, o caso da advogada Paula Oliveira, supostamente atacada por skinheads na Suíça, percorreu as fronteiras entre o “real” e o“imaginário”. Nem sempre a loucura, o surto, é algo negativo. Alguns produzem conhecimento nesses momentos de caos, caos como potência criativa instalada. Outros, como espelhos coletivos, reacendem o debate sobre questões adormecidas. Loucura, xenofobia e automutilação vasculham as relações entre afeto, medo, devaneio e "olhar estrangeiro".

"Nos indivíduos, a loucura é algo raro - mas nos grupos, nos partidos, nos povos, nas épocas, é regra." Friedrich Nietzsch

Belem

Boipeba

A ilha de Boipeba se parece com Morro de São Paulo quinze anos atrás, quando o turismo em massa ainda não havia chegado. Uma vila com uns 1500 moradores, muita vegetação, praias de águas claras e mornas, com aquele cheirinho de restinga e mar típicos da mata atlântica.
As pousadas Santa Clara e Horizonte Azul são ótimas opções de estadia, com pessoas antenadas e acolhedores. A Santa Clara possui um restaurante, aberto ao público, cujo cardápio é formado por um mix de frutas e temperos brasileiros com culinária internacional. Sensacional!
Após a primeira leitura, de lugar “deslocado do seu tempo”, descobre-se uma vila com alguns moradores ativos, reunidos em pequenas associações e envolvidos com a preservação da paisagem e cultura locais, sem perder de vista as novas possibilidade do turismo e da exploração do petróleo na região. Os problemas urbanos também existem e são super visíveis, como a ausência de saneamento básico e ocupações sem planejamento.
No início de janeiro aconteceu uma rave, que conseguiu levar a ilha tres mil paulistanos! Dizem que faltou de tudo, de água até comida, mas a festa bombou assim mesmo. O saldo final foi muito lixo acumulado, pouco retorno financeiro para os comerciantes e a constatação dos moradores: nunca mais!
A vida na Vila tem um ritmo no stress, lento, ao sabor da variaçõa da maré. Se durante as férias se sentir culpado por fazer absolutamente n-a-d-a, no problem, é possível acessar a internet e usar o celular de vez em quando. Ah, a visão do céu noturno, sem interferência de luzes é inesquecível!

fim do horário de verão