terça-feira, 31 de março de 2009

costura















Entro no carro e volto para casa. Sinto um alívio enorme ao deixar para trás aquele lugar. Chego em casa, vejo as meninas, devoro um prato de arroz com feijão e durmo tranquilamente.
Ontem acordei cedo. Fiquei em jejum total quase o dia inteiro. Não senti fome e nem sede. Queria acabar logo com aquela situação de espera, que gerava ansiedade. Aguardava o horário de ir para o hospital fazer uma pequena cirurgia.
No caminho até tentei conversar sobre algum assunto, mas a mente estava longe. Sentir medo é inútil. Medo do que? Não era por acaso, já havia passado por algumas cirurgias. Sim, tudo funcionou!
Cheguei a recepção do hospital e encontrei um local lotado, um misto de ambulatório médico com estação rodoviária. É sério! Falei com uma recepcionista mal humorada, que estava em treinamento, sobre o que fazia ali. Vi pessoas de todas as idades e observei que os funcionários eram, em sua maioria, negros. Mero detalhe? Não, era mais um retrato do país. Do outro lado estava a recepção do setor de oncologia com muitas pessoas na fila de espera, algumas com uma expressão de quase ausência de vida.
Fui chamada para o centro cirúrgico. No caminho passei por longos corredores com janelas redondas, rampas, muitas portas, um labirinto. O local tinha uma aparência suja e desorganizada e eu estava lá para ser operada! Uma enfermeira avisou que devia trocar a roupa para entrar na antesala do setor de cirurgia. Enquanto aguardava a minha vez, a ansiedade só aumentava. Na despedida do meu acompanhante ganhei um beijo e não disse nada, sorri. Pensei que meu blog não era um diário, mas poderia ser. Até que a nova sala era limpa, com uma aparência de cenário antigo. Onde havia deixado a minha câmera para registrar a expressão de dor daquela senhora idosa que também aguardava a sua vez ao meu lado? E o que dizer sobre as condições de atendimento de um hospital da rede privada? Agora era tarde. Já estava lá dentro. Imaginei que a BR-101 era mais perigosa do que aquele lugar ...
Chegou a minha vez. Fui apresentada a anestesista, uma jovem médica que me disse o seguinte: fique tranquila, aqui você está segura. Confiei. Afinal as estradas eram mais perigosas ... Falei mais uma vez com o médico e apaguei. Era isso ou nada.
Quando acordei já estava na sala de repouso olhando para o teto, deitada numa maca. Virei o rosto de lado e vi um senhor muito velhinho, magro, dormindo. Olhei novamente para conferir se ele estava vivo. Aliás, se nós estávamos vivos.
Pedi que alguém comunicasse a minha família que eu estava bem. Em seguida, fui levada para o quarto. O tempo passou, recebi a visita de cinco funcionárias do local, todas super simpáticas, perguntando sobre a qualidade dos serviços de atendimento ao cliente. Ah, esses programas de "ISO alguma coisa" existem para isso. Pedi um copo d`água para cada uma delas e, acreditem, estou esperando até hoje ... em casa!
imagem: acrílica sobre tela, gaze e barbante

sábado, 21 de março de 2009

domingo, 8 de março de 2009

Faryde

Era um domingo quente. Enquanto saboreávamos um sorvete, fixei meu olhar em suas rugas, em sua pele morena e suas características multiétnicas, fusão de povos sírios e indígenas. Aos poucos, vi a imagem de uma adolescente no colégio interno. Vestida com um longo traje de algodão branco, seu olhar era de espanto diante daquele liquido vermelho que escorria entre suas pernas durante o banho coletivo. Aos prantos, enquanto se enxugava, as amigas mais velhas tentavam acalmá-la. Menina órfã, não percebera que havia se transformado numa mulher.
Antes do almoço, deitada numa rede, entre a paisagem da mata atlântica, o calor intenso e uma pilha de jornais da semana, havia registrado a seguinte manchete: “Dia Internacional da Mulher". Observo novamente aquela senhora de noventa e tres anos e sua tranquilidade. Ela, que durante a juventude fez uma escolha que mudou radicalmente a sua vida, também lia o jornal. Ao fugir da fazenda para viver com o namorado, que não era aceito pela família, perdeu seus laços familiares e também foi deserdada. Não havia retorno. Casou-se, teve duas filhas e trabalhou na capital numa época em que isso não era uma atitude comum. Religiosa, mesmo distante das lutas coletivas das mulheres e do movimento feminista, do seu jeito, ela exerceu um papel de vanguarda. Por isso, hoje, simbolicamente, minha homenagem vai para essa mulher sensível, forte e admirável!

segunda-feira, 2 de março de 2009























Pró-colabore!
Le Monde Diplomatique Brasil
O artigo sobre sociedade em rede, de Hernani Dimantas, é de fevereiro, mas está valendo.
Aborda a rede como espaço de colaboração, de transformação, de recombinação, de remix e de conhecimento, entre outros aspectos. Vale destacar o seguinte: o conceito de hacker adotado pelo autor não é o de invasor da rede. São todos os que agem "para que informações, cultura e conhecimento circulem livremente."

domingo, 1 de março de 2009

pilha boa










O calor permanece, interfere um pouco na concentração, mas é tempo de viabilizar novos projetos e executar aquela lista de to do. Afinal, o ano começou!